Siga pela porta que
está aberta
E m um filme chamado “Harper”, o ator
Paul Newman faz o papel de um detetive
particular que se encontra diante
de uma porta com um menino que quer provar
o quão durão ele é. “Por favor, por favor, posso
passar pela porta?”, ele implora. “Claro”, diz
o detetive. A criança se arremessa contra a
porta e quase quebra o seu ombro. Harper
caminha até a porta, gira a maçaneta e a abre.
Muitas pessoas que agem
como essa criança, tentando quebrar barreiras
que não estão realmente fechadas, ou que elas
poderiam facilmente contornar. Tipicamente,
essas pessoas sofrem com uma ilusão: elas pensam
que qualquer coisa que não é um segredo
também não é digna de ser conhecida. E assim
passam o seu tempo tentando fazer com que as
pessoas lhes contem segredos. Até mesmo pessoas
que são muito, muito boas nisso (Seymour
Hersh e o neozelandês Nicky Hager vêm à mente)
são obrigadas a mover-se devagar sobre esse
terreno.
Infelizmente, para a maioria de nós, é difícil diferenciar
um segredo de uma mentira. Enquanto
isso, a pessoa termina fazendo papel de bobo,
pois normalmente, pedir as pessoas para lhe
contar algo as torna muito poderosas, e torna a
pessoa que pergunta digna de pena.
Os profissionais de inteligência, cujos interesses
incluem viver um tempo longo o suficiente para
receber uma aposentadoria, usam uma abordagem
diferente, com base em diferentes pressupostos:
. Maior parte daquilo que chamamos de "segredos”
é composta simplesmente por fatos aos
quais não tínhamos prestado atenção.
. Maior parte desses fatos - a estimativa comum é de 90% - está disponível para a nossa
consulta em uma fonte “aberta”, ou seja, uma
fonte que pode ser livremente acessada.
Temos ouvido frequentemente que em um ou
outro país, as informações de fontes abertas
são limitadas e de qualidade ruim. Isso pode ser
mais ou menos verdadeiro. Mas também temos
percebido que sempre há mais informações de
fontes abertas à disposição do que os jornalistas
têm conseguido utilizar. O seu sucesso em por as
mãos nessas fontes e produzir histórias a partir
delas é frequentemente fácil, porque os seus
competidores normalmente não estão fazendo
esse trabalho. Ao invés disso, eles estão implorando
para que alguém lhes conte um segredo.
Fonte: Manual UNESCO / imagem (WEB)
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